segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Os "mala"

O blog desta semana é pra relaxar e esfriar a cabeça pois 45 graus, na sombra, não é moleza.

Tem gente de tudo que é jeito por aí. A raça humana é muito rica em características e personalidades bizarras. Dentre os seres mais evitados da nossa espécie, destacam-se, eles, os "mala" (isso, no singular mesmo, pois são únicos). Vou tentar lembrar de alguns deles aqui.

Um dos mais indesejados é aquele tipo furão. Acabou de conhecer uma garota numa festa e ela, num momento de pura insanidade consciente, inexperiência mesmo, passou o número do celular (o verdadeiro) logo pra ele. Na segunda-feira, 10 da manhã, no momento em que ela se prepara para apresentar um projeto para o seu chefe e para um grupo de importantes clientes, eis que toca o celular. Ela, pensando que fosse um cliente que estava atrasado: 

- Cibele, pois não.

Era o mala, com aquela voz de mala, recém acordado: - Ooooooooiiiii, tudo bem, gatinha? Advinha quem está falando? Aqui é o Gutembergue, o Guto, Gutinho. E aí, o que é que você fez no domingo? Eu ia te ligar ontem mas, você sabe, acordei tarde, tive de resolver umas "parada" aí com a galera, lá em Realengo. Não tô te atrapalhando, não né? Pois bem, como eu ia dizendo...

Ela pega o celular e, discretamente, o joga dentro do copo de água mineral que estava na mesa ao lado.

- Vamos continuar com a nossa reunião, senhores.

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Um dos piores mala: o conversador. Conheci um que até ligação errada ele aproveitava pra papear e encher o saco do outro. O sujeito ligou para um número de celular e a ligação acabou caindo no celular dele, o mala: 

- Alô, é o Maurício?
- Não amigo, aqui é o Claudiomar... 
- Ah, descupe...
- Mas, espere, eu tô reconhecendo a sua voz. Você não é o Ricardinho? Ah, eu conheci muito o seu pai. A gente aprontou muita coisa por aí... Vocês ainda moram da lá Voluntários da Pátria?...
- Desculpe, não, não sou o Ricardinho...
- Como não pode ser você???!!! Só pode ser você! A minha memória não se engana nunca. Me diga, como anda aquele velho malandro, o Ricardão, perigoso... E a sua mãe, como vai ela, aquela santa...

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O mala, bêbado: Você tá lá numa festa, de olho numa garota, copo de bebida na mão, ela bem próximo, conversando com uma amiga e chega ele, já falando alto:

- Antônio Madureira??? Toninho, como vai você, rapaz? Me diga aí, a as crianças, como vão? Teve mais alguma? Poxa, é muita coragem, cinco filhos, hoje em dia, cada uma de uma mãe diferente...

Antes do cara poder provar que não era o tal Toninho, ou Madureira seja lá o quê, as garotas, que escutaram tudo, desapareceram, rapidinho, para sempre.

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O mala, político e candidato na próxima eleição: 
- Olá, como vai, ... (apertando a nossa mão e dizendo o nosso nome certinho). Estou aqui para entregar, especialmente pra você, o nosso plano de ação e obras para que você possa analisá-los e, no dia da eleição depositar, mais uma vez, a sua confiança em nosso trabalho, que é baseado em muita honestidade e suor...

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O ou A mala do call-center: Sábado, 8:30 da noite, você tentando botar os filhos prá dormir, já chegando a hora da novela das 9 e, no meio disso, toca o telefone. Aí, aquela voz, baixa, abafada e com sotaque carioca, diz:

- Boa no-a-ite. Eu gostaria de falar com a senho-a-ra Marili-an-ce.
- Não é Marilice. É Marluce! (Eles sempre erram o nome da pessoa.)
- Ahh, sim-an, desculpe. Então é a senho-a-ra Marlu-an-ce Ferreira Pi-an-to? Senho-a-ra, aqui é da Edito-a-ra Abril. Nós estamos com uma excele-an-te oferta: a senho-a-ra faz uma assinatu-a-ra anual de duas revis-as-tas de sua esco-a-lha e aí-an, a senho-a-ra ganhará mais 50% de descon-an-to em uma outra revi-a-sta. A senho-a-ra compreendeu ou quer que eu repi-a-ta novamen-a-te?
- Escute aqui: Já é a quarta vez que vocês ligam, só esta semana. Anote aí: EU NÃO QUERO SABER DE FAZER ASSINATURA DE REVISTA NENHUMA. ENTENDEU?
- Mas, senho-a-ra é uma oferta mui-an-to boa! A senho-a-ra não po-a-de...
- Tum, tum, tum, tum...

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O mala, novo na família, querendo agradar a sogra: 

- E aí, sogrinha, tudo em ci-an-ma. O negócio é o seguin-an-te (ele também tinha o sotaque carioca, mesmo sem ser): Vai ligar aí-an um pessoal da Edito-a-ra Abril. Daí-an tu escolhe uma revi-a-sta que tu gostar. Pode ser aque-a-la sobre futebol. É só tu dizer esse código aí-an: 527463. É um presentinho aqui-an do teu ger-an-ro que te gos-a-ta muito, falou? (E se deita no sofá da sala, pega o controle da tv e já vai dizendo: tem uma cervejinha gelada aí-an?)

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O mala, vizinho: - E aí, cara tudo bem? Rapidão: olha, eu queria te pedir um favorzão. Tu pode me emprestar aquela outra garagem, que era da Tati, tua ex... É que vem uns amigos hoje. Valeu, cara. Tu é um amigão...

Seis meses depois, ele fica de cara feia porque você pediu "emprestada" a sua garagem de volta.

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O cliente mala: (O espaço está aberto. Alguém tem uma historinha pra contar? O problema é se ele resolver dar uma espiada aqui. Aí vai ser um ex-cliente-mala.)

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O mala, metido a blogueiro, feito eu: fica escrevendo bobagens e fazendo você perder o seu precioso tempo. Prometo que o próximo vai ser melhor. Ou menos ruim. É que o calor daqui tá fritando os nossos miolos.

Cuiabá - 04/09/2011

N.A: Qualquer semelhança com fatos ou pessoas terá sido mera coincidência.

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